O uso e a influência da Inteligência Artificial no mercado financeiro cresce cada vez mais. As melhorias trazidas por aplicações de IA são variadas. Vão desde o aumento da produtividade, eficiência bancária e escalabilidade da esteira de crédito — promovidos pela Alice Balanço, por exemplo — até a otimização de processos comunicativos através de interfaces conversacionais e assistentes virtuais. No centro das transformações está a evolução da tecnologia financeira e a utilização de dados transacionais para uma melhor compreensão do consumidor.
Mas… O que é o Open Banking?
O Open Banking surgiu a partir de uma regulamentação chamada PSD2 (Payments Services Directive 2), criada pela União Europeia, alguns anos atrás. O objetivo dele é permitir uma maior comunicação entre as instituições financeiras, fomentando a competição entre elas. A expressão, que pode ser traduzida como “Sistema Financeiro Aberto”, evidencia um futuro em que o consumidor(ou empresa) terá controle sobre seus dados. O site oficial do Open Banking Brasil o define como:
“O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, propicia o compartilhamento padronizado de dados e serviços por meio de APIs (Application Programming Interfaces) por parte de instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. No caso de dados de clientes (pessoa física ou jurídica) é o cliente que decidirá quando e com quem ele deseja compartilhá-los no escopo do Open Banking, desde que seja com finalidades específicas e prazos determinados.”
Como funciona na prática?
Suponha que você possui conta em um banco, mas gostaria de verificar condições, de juros, por exemplo, em outro. Você entraria em contato com o banco concorrente, e confirmaria que deseja trocar informações com ele. Assim, ele entraria em contato com o atual, que possui seus dados, e o banco atual pediria para você confirmar novamente. A partir disso os dados poderiam ser compartilhados.
Os dados que poderão ser compartilhados são desde dados cadastrais e transacionais a dados sobre produtos e serviços, sendo que o acesso aos dados terá a duração de 12 meses para as instituições. Apenas instituições autorizadas participarão do Open Banking, incluindo instituições de pagamento, fintechs e outras organizações.
É importante ressaltar que o compartilhamento de dados acontece de acordo com a autorização do cliente e as instituições participantes deverão seguir regras conforme a Resolução CMN nº 4.893, sendo que a comunicação entre elas será criptografada. Todos os dados compartilhados no ecossistema do Open Banking estarão sob a proteção da Lei Complementar do Sigilo Bancário nº 105/200, além da proteção da LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados nº 13.709/2018.
A Tecnologia como Protagonista do Open Banking
APIs do Open Banking
O funcionamento do Open Banking se baseia no uso de APIs (Application Programming Interfaces, ou Interface de Programação de Aplicação), que são capazes de integrar dispositivos, sistemas, desenvolvedores e empresas. Uma das questões determinadas pelo PSD2, desde o surgimento do Open Banking, foi o uso de APIs abertas pelos bancos, para que fosse possível fazer o compartilhamento dos dados dos seus clientes.
As APIs são um apanhado de instruções e padrões de programação que tornam possível a comunicação e integração entre plataformas, ou instituições financeiras, no caso do Open Banking. Um exemplo simples para entender as APIs é pensar em logins com redes sociais. Vários sites da web permitem que o usuário faça um cadastro rápido utilizando um perfil de alguma rede já existente (como o Facebook, por exemplo), se conectando com a API aberta da rede social.
A interface do diretório Open Banking será formada por APIs, sendo por meio delas que bancos, fintechs, instituições financeiras, instituições de pagamento e demais empresas do segmento se comunicarão. Um ponto importante é que cabe às instituições financeiras atenuar os riscos de fraude provenientes do compartilhamento de dados. A tecnologia em que consiste uma API Open Banking permitirá ao cliente até mesmo o acesso em múltiplos bancos de maneira simultânea, através da criação de apps e plataformas por terceiros.
A Era de Dados: Big Data, Analytics e IA
Inteligência artificial, ciência de dados, e inovação aberta são algumas das tendências que vêm remodelando o setor financeiro. A era digital trouxe um crescimento exponencial no volume de dados e o modo como as empresas usam dados financeiros tem relação direta com sua competitividade no mercado. Nesse sentido, saber quais dados analisar de um grande volume de informações ainda é um grande desafio.
A quantidade de dados que as equipes das empresas terão de lidar serão potencializados pelo Open Banking e análises de dados mais avançadas são cada vez mais indispensáveis. Olhando por esse viés, pode-se afirmar que Big Data, Analytics e IA possuem papéis cruciais neste cenário digital que o mercado brasileiro vem abraçando.
A evolução da tecnologia é eficaz para o entendimento e transformação dos dados, possibilitando seu uso de maneira mais objetiva e alinhada com as metas estratégicas da instituição. Quando falamos de Analytics estamos falando em mapeamento de informações e análise de dados para tomada de decisão, através de práticas de Data Lake e de Warehouse, e consequentemente, em insights que proporcionam vantagens competitivas.
Inteligência Artificial e Machine Learning – IA e ML
As aplicações de Inteligência Artificial e Machine Learning já ocorrem em diversas áreas do mercado financeiro — como o serviço realizado pela Alice, no processo de análise de risco de crédito. Com elas, as instituições financeiras podem realizar gerenciamento, análises e direcionamento eficiente de dados que irão ajudar nas decisões de ações futuras e influenciarão cadeias completas de processos internos.
A IA será essencial para as Fintechs, como afirma Fabricio Sanfelice — CEO da fintech Mutual — ao falar sobre o processo de adesão das Fintechs ao Open Banking: “Teremos a oportunidade de olhar o cliente de outra maneira, usar machine learning e inteligência artificial para entender melhor o comportamento e a vida das pessoas”.
Segundo o Distrito Dataminer, no Brasil, existem mais de 40 fintechs. Nos últimos anos, elas vêm se preparando para o Open Banking, desenvolvendo novos modelos de negócio a serem operacionalizados, sendo protagonistas das transformações da cultura digital, como discorre Eduarda Bagesteiro, Head de Marketing da Itera:
“Acredito que as fintechs têm um papel essencial na agilidade necessária para o desenvolvimento de novas tecnologias e, em colaboração com os maiores bancos, podem trazer muitos benefícios para os consumidores. Um ponto importante é que agilidade não diz respeito somente a questões de eficiência de processos. A cultura ágil e a onda de transformação digital envolve a estratégia e a cultura, por exemplo. Uma vez que iniciativas de inovação aberta surjam para facilitar a cooperação entre empresas de tecnologia e o mercado financeiro, a transformação digital do mercado se acelera e o valor proposto ao usuário final aumenta.“