Análise de Balanços: a base para decisões de crédito mais seguras e estratégicas

A análise de balanços é um dos pilares centrais na concessão de crédito para empresas de médio e grande porte. Diferente do público de microempreendedores, que muitas vezes não possui demonstrações contábeis estruturadas e pode ser avaliado apenas por modelos de score, os negócios com maior complexidade exigem uma leitura detalhada de seus números para que a decisão de crédito seja realmente consistente.

O grande desafio, no entanto, está em analisar uma empresa de fora para dentro. Enquanto o gestor tem acesso a toda a movimentação interna, quem concede crédito precisa interpretar a realidade do negócio a partir de um conjunto limitado de demonstrativos contábeis, muitas vezes resumidos em poucas páginas. Traduzir esses dados em informações confiáveis e relevantes é o que define a qualidade do processo de análise.

Com base em nosso webinar “Análise de Balanços: a base para decisões de crédito mais seguras e estratégicas”, este artigo tem como objetivo consolidar os principais insights do evento e apresentar um roteiro prático para qualificação e interpretação de balanços, mostrando como transformar relatórios contábeis em decisões estratégicas que reduzem riscos e ampliam oportunidades de negócios.

O encontro contou com a participação de dois especialistas que compartilharam sua visão prática sobre o tema: Márcio Torres, consultor e referência em análise contábil estratégica, com mais de 30 anos de experiência, e Fábio Pelakoski, gestor de operações na Itera, com trajetória de 24 anos na Serasa Experian, onde atuou desde analista de balanço até gerente de mandados e requerimentos.

Balanço não é só registro contábil: é o funcionamento do negócio

Muitas vezes, o balanço patrimonial é visto apenas como uma exigência contábil ou uma formalidade burocrática. No entanto, ele vai muito além disso: o balanço é, na prática, um retrato do funcionamento de uma empresa. Assim como o extrato bancário revela os hábitos de consumo de uma pessoa, o balanço expõe as decisões estratégicas e operacionais tomadas por um empresário ao longo do tempo.

Cada número registrado ali reflete escolhas: desde o quanto a empresa vende, até como reinveste seus recursos e quais compromissos financeiros assume para sustentar seu crescimento. Além disso, fatores externos, como crises econômicas ou até eventos inesperados, a exemplo da pandemia que paralisou setores inteiros, também ficam evidentes nos demonstrativos, impactando diretamente a saúde financeira da organização.

Aprender a “ler” esses sinais é essencial para o gestor de crédito. Mais do que observar índices isolados, a análise de balanços permite compreender o comportamento do negócio, identificar padrões de decisão e antecipar riscos ou oportunidades. Dessa forma, o balanço deixa de ser apenas um documento contábil e passa a ser uma ferramenta estratégica para a tomada de decisão mais segura e fundamentada.

O método das 4 perguntas para entender um balanço

Durante o webinar, destacamos que a análise de balanços não deve começar pela leitura de índices isolados, mas sim pela compreensão do ciclo de decisões do empresário. Para isso, nossos especialistas propuseram um quadro mental estruturado em quatro perguntas-chave, capazes de revelar a lógica por trás da gestão de cada negócio.

A primeira pergunta é: a empresa está vendendo mais ou menos? Observar a evolução da receita ao longo do tempo permite identificar tendências de mercado e avaliar a capacidade de gerar demanda. Assim como respirar é vital para uma pessoa, vender é essencial para a sobrevivência de qualquer empresa.

Em seguida, é preciso entender: a empresa está ganhando dinheiro? Analisar a geração de lucro e de caixa, e principalmente identificar onde ocorreram mudanças (seja na redução de custos, no aumento das despesas ou na variação das margens) mostra se o crescimento é sustentável ou apenas aparente.

A terceira questão envolve investir. Todo empresário pensa em expandir, seja em capital de giro, em máquinas, em estrutura física ou em tecnologia. Ler o balanço permite enxergar para onde os recursos estão sendo direcionados: se para estoques e contas a receber, ou para ativos de longo prazo.

Por fim, vem o aspecto da captação de recursos. É preciso identificar quem está financiando o crescimento (bancos, mercado de capitais ou fornecedores) e avaliar os efeitos dessas escolhas sobre a estrutura de capital da empresa. Um aumento repentino do endividamento, por exemplo, pode ser um sinal de alerta.

O insight central é que os índices financeiros são consequência dessas quatro alavancas. Antes de olhar para liquidez, endividamento ou rentabilidade, é preciso compreender a história que o balanço está contando: como a empresa vende, ganha, investe e capta. É essa sequência lógica que traz clareza para a análise e embasa decisões de crédito mais estratégicas e seguras.

Fluxo de caixa: onde a “história do ano” aparece

Se os índices financeiros oferecem sinais rápidos e o balanço revela as grandes decisões da empresa, é no fluxo de caixa que a verdadeira “história do ano” se torna visível. Esse demonstrativo mostra, de forma organizada, a entrada e a saída de recursos, funcionando como um extrato detalhado da saúde financeira do negócio.

A leitura do fluxo de caixa pode ser feita de maneira didática, acompanhando três blocos principais. O primeiro é a geração de recursos, que parte do EBITDA e avança até o resultado líquido após juros e tributos, revelando se a empresa realmente está gerando dinheiro. 

O segundo é o fluxo operacional, que mostra se o giro do negócio está sendo capaz de sustentar suas atividades. O terceiro envolve investimentos e financiamentos, indicando como os recursos estão sendo aplicados e de onde vêm os aportes de capital. Por fim, a variação de caixa evidencia o saldo final, ou seja, se a empresa terminou o período mais forte ou mais vulnerável.

Uma das recomendações trazidas no webinar foi a importância de fazer a chamada leitura horizontal do fluxo de caixa, comparando a evolução das entradas e saídas ao longo do tempo. Essa visão ajuda a identificar se a empresa é realmente autossuficiente ou se está “estourando” o caixa, quando o aumento das despesas supera a capacidade de geração de receita e compromete a sustentabilidade financeira.

Em síntese, o fluxo de caixa complementa a análise de balanços e índices, oferecendo uma perspectiva mais clara sobre a consistência das decisões empresariais e o potencial real de pagamento de cada cliente.

Da análise à prática: como nossa solução transforma a análise de balanços?

Durante o webinar “Análise de Balanços: a base para decisões de crédito mais seguras e estratégicas”, mostramos como a Itera Balanço tem ajudado instituições a transformar relatórios contábeis em inteligência prática e escalável.

A plataforma automatiza etapas críticas do processo: faz a leitura de PDFs, executa a padronização do plano de contas, gera de forma imediata indicadores e análises verticais e horizontais e ainda oferece uma leitura crítica dos dados, assegurando a qualidade das informações. Isso significa menos tempo gasto com tarefas manuais e mais espaço para o que realmente importa: analisar o negócio, identificar riscos e aproveitar oportunidades.

Na prática, nossos clientes percebem diversos os ganhos: a análise que antes levava dias agora é feita em horas ou até minutos, liberando as equipes de crédito para atuarem com maior profundidade. Além disso, as entregas são flexíveis, desde relatórios completos em planilhas até a integração direta por API nos sistemas da instituição.

O ponto central é que decisões de crédito mais seguras surgem quando o olhar vai além dos índices. Ao compreender como a empresa vende, ganha, investe e capta, e ao validar essas informações pelo fluxo de caixa e pelo capital de giro, é possível construir uma análise muito mais sólida e confiável. O resultado é uma operação com menos riscos, mais eficiência e maior produtividade.

Assista ao webinar completo em nosso canal do YouTube e veja, na prática, como a Itera Balanço pode transformar a análise de crédito da sua instituição. Ficou com alguma dúvida? Agende uma demonstração.